Hoje para divagarmos sobre dois discos.
Britney Spears que coloca na praça seu circo e Marcelo Camelo que mostra uma faceta melancólica e estranha no seu debut solo.
So here we go!
Britney Spears - Circus
Depois de uma temporada em baixa, Britney Spears voltou à cena com os dois pés na porta. A mensagem veio explícita: completamente nua numa sauna, a cantora escancara a boa forma no clipe de seu primeiro single, “Womanizer”, cuja batida dançante faz tremer as pistas do mundo todo.
Fazendo com que o mundo esquecesse(pelo menos naquele instante) a imagem da Britney fora de forma e de juízo que fez uma apresentação pífia no VMA de 2007 à época do lançamento do albúm histérico e considerado por muitos o melhor albúm dela, Blackout.
Mesmo com zero de divulgação, Britney Spears conseguiu emplacar aqueles que ao lado de “…Baby One More Time” e “Toxic”, podem ser considerados os seus mais representativos singles. Graças a eles, ou pelo menos a “Piece Of Me”, ela conseguiu três austronautas de prata (os troféus do VMA), prêmio que nunca chegou nem perto durante seus mais de dez anos de carreira. Ou seja, pirar acabou sendo um grande negócio dentro do plano mercadológico que seu nome evoca.
Mas os acessos de loucura, bebedeira e um tanto de imundice parece que deram uma trégua ao bem estar de Britney. Seus aparecimentos na mídia pós-piração mostravam uma mulher madura, que acreditava numa recuperação que deveria chegar a qualquer custo. E parece que chegou. A primeira grande prova disso foi a capa do seu novo trabalho, Circus, que enterravam a imagem-potranca em troca do retorno da “miss sonho americano”, travestida em uma Britney terna e angelical. E foi com essa imagem da cantora que o mundo teve acesso ao novo disco, que caiu há algumas semanas na rede, e deve chegar às lojas no dia 02/12(aniversário da própria).
Bem, a imagem de santa da capa cai por terra já na primeira faixa, a já conhecida e já citada nesse post “Womanizer”. E a gente agradece, claro. E vibra na segunda e neurótica faixa, que dá nome ao disco, na qual Britney deixa bem claro que quer estar como num picadeiro, com todas as atenções para ela (como se fosse pouco tudo que se comentou e especulou sobre ela). Mas ok, cada um com sua carência.
O problema do disco começa na a partir da terceira faixa. Não, não se trata da música em si, mesmo sendo “Out From Under” uma baladinha de motel de quinta. A questão é que é a partir dela que se nota que não estamos diante de um “Blackout 2”. Circus não cumpre esse papel. Ele é um típico álbum de Britney pré-loucura. E é difícil encarar um produto assim, já apesar de uns bons singles, ela nunca teve de fato um bom disco. E só o Blackout quebrou esse estigma.
Apesar disso, Circus tem sua graça. Não é um grande trabalho, mas também não soa pretensioso. Tem boas músicas, como “If U Seek Amy”, na qual ela parece fazer uma pequena homenagem a uma tal de Amy que curte tomar uns drink e outras coisinhas mais… Britney perdeu o juízo algumas vezes, mas aqui não perdeu a piada. Outro bom momento atende pela alcunha de “Kill The Lights”, uma verdadeira ode à relação de Britney e os paparazzi("You don't like me, i don't like you, it don't matter. Only difference you still listen i don't have to...", algo como "Você não gosta de mim, eu não gosto de você, não importa. A única diferença é que vc continua ouvindo e eu não preciso disso...)
Os momentos de tédio ficam por conta de faixas como a chorosa “My Baby”, a sem-função “Blur” e a já citada “Out From Under”, para poupá-la de mais comentários, digamos, pouco calorosos. O disco conta ainda com “Radar”, o maior e melhor chiclete do “Blackout” que provavelmente retorna em “Circus” para emplacar como um futuro (e certeiro) single. Entre as bonus track que também já circulam por aí, “Phonografy” e “Amnesia” fazem você questionar o motivo de não pertencerem à setlist do disco. Destaque ainda para "Mmm Papi" que mostra um certo tempero latino na letra e uma ótima aposta para as pistas e "Mannequin", que com sua base funkeada mostra-se apta a fazer a moçada chacoalhar o esqueleto pelas pistas do mundo todo.
Sim, Circus não é um Blackout. Mas seria porquê não seja o Blackout um disco – em vias de fato – de Britney? Talvez sim. Circus corresponde bem mais ao trabalho que ela vem apresentando desde seu primeiro CD. Isso nos coloca num terreno mais seguro, mais ainda com boas sacadas que esse novo apresenta. Fazer o circo de Britney pegar fogo, todo mundo soube fazer. Agora é hora de curti-lo.
Apesar disso, Circus tem sua graça. Não é um grande trabalho, mas também não soa pretensioso. Tem boas músicas, como “If U Seek Amy”, na qual ela parece fazer uma pequena homenagem a uma tal de Amy que curte tomar uns drink e outras coisinhas mais… Britney perdeu o juízo algumas vezes, mas aqui não perdeu a piada. Outro bom momento atende pela alcunha de “Kill The Lights”, uma verdadeira ode à relação de Britney e os paparazzi("You don't like me, i don't like you, it don't matter. Only difference you still listen i don't have to...", algo como "Você não gosta de mim, eu não gosto de você, não importa. A única diferença é que vc continua ouvindo e eu não preciso disso...)
Os momentos de tédio ficam por conta de faixas como a chorosa “My Baby”, a sem-função “Blur” e a já citada “Out From Under”, para poupá-la de mais comentários, digamos, pouco calorosos. O disco conta ainda com “Radar”, o maior e melhor chiclete do “Blackout” que provavelmente retorna em “Circus” para emplacar como um futuro (e certeiro) single. Entre as bonus track que também já circulam por aí, “Phonografy” e “Amnesia” fazem você questionar o motivo de não pertencerem à setlist do disco. Destaque ainda para "Mmm Papi" que mostra um certo tempero latino na letra e uma ótima aposta para as pistas e "Mannequin", que com sua base funkeada mostra-se apta a fazer a moçada chacoalhar o esqueleto pelas pistas do mundo todo.
Sim, Circus não é um Blackout. Mas seria porquê não seja o Blackout um disco – em vias de fato – de Britney? Talvez sim. Circus corresponde bem mais ao trabalho que ela vem apresentando desde seu primeiro CD. Isso nos coloca num terreno mais seguro, mais ainda com boas sacadas que esse novo apresenta. Fazer o circo de Britney pegar fogo, todo mundo soube fazer. Agora é hora de curti-lo.
Marcelo Camelo - SOU/NÓS
à meu querido amigo André Bandeira
Comenta-se nos bastidores que a causa do "recesso por tempo indeterminado" do grupo carioca Los Hermanos foi um embate entre os vocalistas e compositores Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante. Enquanto este tentava manter a banda próxima do universo do rock, Camelo defendia som mais introspectivo. A julgar pela audição do primeiro disco solo de Camelo, Sou, os comentários têm fundo de verdade. O artista se afasta do rock em CD pautado por estranhezas e por baladas de tom interiorizado.
Sou é marcado por clima etéreo que dilui a vivacidade rítmica contida na simpática marchinha carnavalesca, "Copacabana", que remete à fase do "Bloco do eu sozinho" e em temas de regionalismo estilizado como "Liberdade" (adornado com a sanfona de Dominguinhos) e "Menina Bordada", uma ciranda com toques de carimbó. As guitarras quase não se fazem ouvir. Assim como a voz de Camelo, que adotou um estilo de canto propositalmente desleixado que acentua seus problemas de dicção.
Sou é disco de difícil digestão. É preciso ser ouvido várias vezes (ouvi 6 vezes) para que se perceba a beleza que há em músicas como "Doce Solidão" e "Saudade", tema gravado com o piano de Clara Sverner, de textura erudita. Outro destaque fica por conta do tema de abertura do disco "Téo e a Gaivota" que encanta com seus quase 2 minutos de introdução instrumental e seu refrão marcado por uma percussão encantadora.
Comenta-se nos bastidores que a causa do "recesso por tempo indeterminado" do grupo carioca Los Hermanos foi um embate entre os vocalistas e compositores Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante. Enquanto este tentava manter a banda próxima do universo do rock, Camelo defendia som mais introspectivo. A julgar pela audição do primeiro disco solo de Camelo, Sou, os comentários têm fundo de verdade. O artista se afasta do rock em CD pautado por estranhezas e por baladas de tom interiorizado.
Sou é marcado por clima etéreo que dilui a vivacidade rítmica contida na simpática marchinha carnavalesca, "Copacabana", que remete à fase do "Bloco do eu sozinho" e em temas de regionalismo estilizado como "Liberdade" (adornado com a sanfona de Dominguinhos) e "Menina Bordada", uma ciranda com toques de carimbó. As guitarras quase não se fazem ouvir. Assim como a voz de Camelo, que adotou um estilo de canto propositalmente desleixado que acentua seus problemas de dicção.
Sou é disco de difícil digestão. É preciso ser ouvido várias vezes (ouvi 6 vezes) para que se perceba a beleza que há em músicas como "Doce Solidão" e "Saudade", tema gravado com o piano de Clara Sverner, de textura erudita. Outro destaque fica por conta do tema de abertura do disco "Téo e a Gaivota" que encanta com seus quase 2 minutos de introdução instrumental e seu refrão marcado por uma percussão encantadora.
Embora reedite o clima viajante de 4, último álbum de estúdio dos Los Hermanos, o CD distancia Camelo do universo do grupo e delimita a exploração de novos territórios.
Em tempo, quem também tá com disco novo na praça é Pink que em cujo albúm intitulado "Funhouse" entoa repertório composto sob o impacto de sua separação de Carey Hart, astro do motocross. Mas "Funhouse" passa longe da depressão. Músicas como "So What" têm pulsação eletrizante.